* 16.09—11.10.25 * e/ou * Bijoux paçoca * de Claudio Cretti com Thomaz Rosa e Marcelo Pacheco
* 16.09—11.10.25 * e/ou * Bijoux paçoca * de Claudio Cretti com Thomaz Rosa e Marcelo Pacheco
e/ou é um projeto expositivo em três momentos, com os artistas Thomaz Rosa, Marcelo Pacheco e Claudio Cretti.
Pensada como uma exposição expandida no tempo, e/ou propõe três apresentações individuais que se desdobram em um jogo coletivo: a cada mostra, um dos artistas ocupa o espaço com um projeto pensado para orlando e convida os outros dois a participarem com obras em diálogo, compondo as possibilidades de encontros nas constelações cruzadas entre práticas e afetos.
e/ou: Bijoux paçoca
de Claudio Cretti com Thomaz Rosa e Marcelo Pacheco
Abertura: 16 de outubro, das 18h às 22h
Visitação: até 16 de novembro
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BIOS
Claudio Cretti (Belém, PA, 1964). Vive e trabalha em São Paulo.
A produção de Claudio Cretti propõe intermediações entre o bi e o tridimensional, articulando elementos naturais e culturais em objetos híbridos, instáveis, que tensionam funções, materiais e sentidos. Desde os anos 1980, desenvolve uma obra marcada pela experimentação formal e pelo cruzamento entre escultura, performance e instalação.
Realizou exposições individuais em instituições como Paço das Artes (Pandora, 2013), Pinacoteca (Onde pedra a flora, 2006), Palácio das Artes (Luz de ouvido, 2008), Casa Niemeyer (Acaso a coisa a casa, 2018) e Museu da Inconfidência (Evocativos, 2023). Participou de coletivas em espaços como Instituto Tomie Ohtake, MAM-SP, MuBE, Massapê Projetos e Carmo Johnson Projects. Suas obras integram coleções públicas e institucionais como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural dos Correios (RJ), Museu da Inconfidência (Ouro Preto) e Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foi tema de documentário na série O Mundo da Arte (TV Cultura/SESI, 2004) e teve sua trajetória reunida no livro Claudio Cretti (Martins Fontes, 2013). Foi indicado ao Prêmio PIPA (2020) e premiado em salões como o de Arte Contemporânea de Piracicaba e o Salão Paulista (1985).
Thomaz Rosa (São Caetano do Sul, 1989). Vive e trabalha em São Paulo.
A prática de Thomaz Rosa se desenvolve a partir de uma definição expandida de pintura, operando de forma seriada e explorando a tensão entre excesso visual e economia material. Suas obras propõem constelações de elementos heterogêneos que oscilam entre abstração, simulação imagética e objetos, articulando relações entre subjetividade, história da arte e banalidade cotidiana.
Participou de exposições individuais como A volta da sorte (Quadra, São Paulo, 2023), Um de Um Par (Castiglioni Fine Arts, Milão, 2023) e Conjuntos (Pop Up Castiglioni, Paris, 2024). Integrou coletivas em instituições e espaços como Sesc Santo André, Instituto Artium, Casa de Cultura do Parque, Mendes Wood DM, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Museu da Inconfidência e GDA. Realizou residências no Pivô Arte e Pesquisa, Kaaysá e Faculdade de Belas Artes do Porto. Seus trabalhos integram coleções como a do Museu de Arte do Rio e Coleção Fiorucci.
Marcelo Pacheco (Campinas, SP, 1984). Vive e trabalha em São Paulo.
Marcelo Pacheco desenvolve encontros e situações poéticas que exploram a instrumentalidade e a disponibilidade material. Ao produzir arranjos espaciais com componentes mínimos em madeira, metal ou tecido, concatenando texturas e padrões com atenção aos efeitos plásticos da repetição, Pacheco compartilha uma alteridade do prazer no fato decorativo dos objetos e no estar no mundo das coisas. Retirando seus materiais de uma letargia passiva, o artista ativa fricções cromáticas e espaciais, operando a conversão de elementos tridimensionais inusuais em linguagem pictórica.
Entre suas exposições individuais estão Madeira de vento, Quadra, São Paulo, Brasil (2023); Sementes no bolso, Casa de Cultura do Parque, São Paulo, Brasil (2021) e As listras da Zebra e as coisas sem pais, Quadra, Rio de Janeiro, Brasil (2021). Participou também das coletivas De viés, Quadra, Rio de Janeiro, Brasil (2024); Olhe bem as montanhas, Quadra, São Paulo, Brasil (2024); Uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira, Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2024); Coisa livre de coisa, Massapê Projetos, São Paulo, Brasil (2023) e Roots of intelligence, Gisela Projects, Nova York, EUA (2023). Pacheco foi indicado ao Prêmio Pipa (2020) e integra a coleção do Museu de Arte do Rio (2024).
Bijoux paçoca
por Giovanna Bragaglia
Bijoux paçoca.
Joias de mentira, enfeites que adornam, brilhos que não se fingem.
Doce de festa, farelo ancestral, mistura popular.
Em partes, e, ainda assim, seres inteiros.
Palavras que, quando juntas, parecem nome de invenção.
Coisa feita de outras coisas, entre o artifício e os afetos.
Claudio Cretti insiste no que há de mais íntimo: precisas e preciosas articulações.
Nos apoios ou nos encaixes das esculturas recentes, ou nas dobras silenciosas das colagens de 1998 aqui revisitadas.
Entre o artesanal e o industrial, o natural e o cultural, suas obras mesclam elementos da natureza, componentes da cultura material e peças industrializadas.
A partir de inusitadas junções, as esculturas transcendem suas partes e deixam de ser o que eram, para habitar novas formas.
Revelam, assim, misteriosas camadas de significado dos objetos e das coisas do mundo.
Como os peixinhos de um outro mundo verde [1]. Suas criaturas habitam paisagens onde o som é ambiente e o tempo, líquido, ou onde passado, presente e futuro parecem desexistir [2].
As obras de Marcelo Pacheco e Thomaz Rosa habitam este espaço em diálogo e/ou, a tertúlia.
Marcelo, no campo da memória, onde o silêncio e os detalhes, lado a lado, abrem espaço para a densidade sensível de um tempo.
E Thomaz, pelos irreverentes caminhos da ordem e da desordem do mundo, sinaliza, quiçá, um inimaginável “novo”.
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[1] Referência à música Little Fishes, faixa do álbum Another Green World (1975), de Brian Eno.
[2] Do neologismo “desexistir”, de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas.