Tetta: Linha de corte estilo guilhotina

* 20.02–20.03.25 *

Tetta: Linha de corte estilo guilhotina * 20.02–20.03.25 *

Linha de corte estilo guilhotina é individual de Tetta, artista recifense trabalhando entre Brasil e Alemanha. A exposição une performance, instalação e vídeo em torno de noções de arquivo e temas como identidade, corpo, transformação e território. A instalação Linha de corte (2014-2025) apresenta 20 molduras de cedro e vidro contendo cabelos, fruto da performance Corte estilo guilhotina. A ação, performada de uma nova maneira durante a abertura e inauguração de orlando, celebra uma década de sua primeira execução, reafirmando sua relevância como gesto artístico e político.

Na performance Corte estilo guilhotina, Tetta propõe um encontro íntimo e radical: o corte de cabelos de participantes que, simbolicamente, transformam fragmentos de sua identidade em matéria artística. Esses cabelos foram colecionados ao longo de diferentes edições da performance – Galeria MauMau, Recife (2014); Centro Cultural São Paulo (2015); e Projeto TRAVESSIAS 2015, Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro (2015). Nestas ocasiões, as peças eram confeccionados ao vivo imediatamente após o corte e montadas lado a lado numa prateleira. 

Na presente exposição, a instalação forma-se como uma espécie “arquivo vivo-morto”, reunindo peças das três edições, enquanto que na performance ao vivo, uma nova instalação surge pelas linhas de velcro com os novos cabelos coletados. Os cortes ultrapassam o gesto afetivo e físico, tornando-se metáforas de ruptura e renovação, dialogando com as histórias individuais e coletivas. O trabalho reflete sobre arquitetura, identidade, território e superfície, enquanto propõe um olhar sensível sobre a maleabilidade daquilo que nos constitui.

Sobre Tetta

Tetta (Recife-PE, baseade em Berlin) é artista transdisciplinar, com formação em Arquitetura e Urbanismo (UFPE-Recife, Brasil) e mestrado em Coreografia e Performance (Instituto de Estudos Teatrais Aplicados ATW- Gießen, Alemanha). O trabalho de Tetta abrange performance, vídeo, som e instalação nos campos das artes visuais, coreografia e teatro. A partir de uma perspectiva emancipatória, aproveiteta a potência da experimentação para investigar as relações topológicas, topográficas e performativas entre corpos individuais, sociais e coletivos. Por meio de uma “teta-linguagem”, busca reconfigurações para o corpo fragmentado pela colonialidade.

Em 2015, Tetta inaugurou (quando se chamava Marie Carangi) a exposição individual GRITO CORTE, no “I Programa de Exposições 2015 do Centro Cultural São Paulo”, SP, Brasil. Integrou as coletivas “Prêmio Situações Brasília” (2014) no Museu Nacional da República-DF; “À Nordeste” (2019) no SESC 24 de maio-SP; WELT KOMPAKT? (2017) frei_raum MuseumsQuartier-Viena, entre outras.

Participou como convidade das residências Perfocraze International Artist Residency - pIAR, Kumasi, Gana (2023); Hangar, Lisboa, Portugal (2019); e Q21, MuseumsQuartier, Viena, Áustria (2017). Premiade na 6ª edição do Prêmio EDP nas Artes do Instituto Tomie Ohtake (2018).

Exposição: Linha de corte estilo guilhotina, de Tetta

Abertura: 20 de fevereiro de 2025, das 19h às 22h 

Visitação: até 20 mar 2025, ter e qui (exceto feriados), 11h–18h, ou por agendamento via email: info@orlando.art.br

Endereço: ed. conde andrea matarazzo, sala 711, são paulo, sp, brasil
entrada 1: al. casa branca, 35 – aberta / open 24h
entrada 2: av. Paulista, 1499 – seg–sex / mon–fri, 8h–16h30

English

Tetta: Linha de corte estilo guilhotina

por Giovanna Bragaglia

“Cabelo quando cresce é tempo”, Gal cantou.
O que cresce, marca o tempo.
O que cai, anuncia o novo.
Frágil, orgânico, sensível –
luz, temperatura, umidade:
tudo o afeta, tudo o molda.

“Cabelo quer ficar pra cima”, Gal canta.
Antena que capta, pensamento que voa.
Fios que se eriçam,
linhas que transmitem o que somos,
o que sentimos, o que conduzimos.
Carregamos nas pontas as histórias do vento.

“Cabelo pode ser cortado”, Gal cantará.
Ritual e transformação.
O fio que se solta
é também rastro, arquivo.
Cada corte – preciso –
penteia outras formas de ser.

Linha de corte,
paisagem, arquitetura.
Código e jogo.
Cabelo é linguagem,
forma e informa.

O estilo guilhotina resiste,
re-existe.
Nas linhas de velcro,
de mechas e desejos,
livres ao que já foi,
soltos ao que ainda será.